As equilibradas que me perdoem, mas maluquice é fundamental.
Queremos mulheres a beira de um ataque de nervos.
Mulheres que cantem bem alto o que querem e dancem sozinhas no meio da sala, girando na frente dos convidados do jantar, logo depois de pedir a eles que se retirem pois “o casal agora vai para o quarto”.
Queremos mulheres que cuspam na nossa cara as inquietações, as vontades e não-vontades, a maluquice de sempre, porque mulher sem maluquice não é mulher, é um troféu que você esquece no alto da estante.
Mulher tem que ser doida de pedra.
Mulher que não enlouquece, não embarga a voz, não lacrimeja porque a quirche não ficou boa, o bolo solou, o esmalte borrou.
Essa a gente prefere olhar de longe, desconfiado.
Aí tem coisa muito errada. Mulher que não soluça em novela mexicana?
Mulher madura, calma?
Não, essa não.
A gente ama é um dramalhão.
Se elas não saem do sério a gente não se sai bem no amor.
A patricinha montada e sonsa nos cansa e a perfeita elegância das modelos longilíneas e impecáveis nos entedia.
Queremos unha quebrada. Grito assustado no meio da noite.
Abraço com lágrimas de “cuida-de-mim”.
Queremos dizer “não foi nada” quando elas ralarem a lanterna traseira do carro no pilar da garagem.
Quanto mais louca mais linda, mais apaixonante.
A fragilidade emocional da mulher não edifica uma pseudo-superioridade masculina.
Essa fragilidade pode ser o combustível da ternura, do afeto.
Podemos até admirar mulheres duronas, equilibradas, constantes.
Mas o que nos deixa desnorteados, patetas apaixonados, bobos mesmo, é a mulher maluca.
Só a mulher maluca é capaz de fazer gato e sapato da nossa vida.
Por isso eu adoro Mabel, a personagem adorável do filme “Uma Mulher sob Influência”, de John Cassavets. Ela é só um exemplo de mulher amada intensamente por ser exatamente o que é – apaixonantemente maluca.
(Escrito por Thiago Lira)
Quando eu li esse texto me identifiquei... não sei por quê...
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